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 Apoio ao aluno com deficiência visual: aula de Química

          Ao pensarmos nas aulas de Química, logo relacionamos com laboratório e fórmulas nos estudos das estruturas atômicas, interações moleculares, funções inorgânicas, estequiometria e outros,  cujas anotações e experimentos são importantes para compreender a disciplina. Por isso, para o aluno com deficiência visual (DV) podemos elaborar a aula de Química, utilizando-se recursos alternativos, no caso para as anotações, recorrer ao Sistema Braille quanto aos sinais matemáticos e ao campo das ciências, além de algumas letras gregas(alfa,delta,..) nos materiais didáticos do MEC/SEESP, o”Código Matemático Unificado” (CMU) e a “Grafia Braille em Química”; e na parte de visualização, utilizar materiais como palito, canudo, bola de isopor, pedaço de madeira, barbante, alfinete, etc . Um dos materiais interessantes é o uso do papel sobre o EVA para desenhar com caneta ou com punção, e assim, formar traços ou pontos em alto relevo no avesso do papel, onde, possibilitam as reproduções do Diagrama de Linus Pauling, da escala de temperatura (Celsius x Kelvin x Fahrenheit) e outros. Existem também, materiais prontos como a tabela periódica impressa em Braille e  materiais em thermoform (plástico em alto relevo) como a estrutura do átomo. Contudo, uma atividade para formar estrutrura molecular interagindo os alunos, utilizando bolas de isopor de tamanhos diferentes e palitos, têm melhores resultados. 
Exemplo Química Braille
          É relevante para que o aluno com DV perceba ou tenha certa percepção de reconhecer a figura planificada, portanto, conta-se da importância que ele tenha frequentado as aulas de artes e AVD, ou tenha recebido orientação e treinamento para interpretar os materiais em alto relevo e as diferentes texturas colocadas no papel, logicamente sem detalhamentos. Também, acrescento as atividades de explorar os objetos quanto o tamanho, formato, encaixe, textura ou ainda, entrar em contato com a natureza (terra, pedra, areia, etc), plantas, animais, pois, mais tarde, auxiliam o aluno na compreensão das aulas de ciências e também de outras disciplinas.  
          O CMU foi elaborado para abranger as notações de matemática e ciências, porém há necessidade do material “Grafia Braille em Química” para notações mais avançada, como a estrutura molecular fechada (benzeno, naftaleno,…), tipos de ligações (simples, dupla, tripla), velocidade de reação, movimento dos elétrons, etc. O texto da “Grafia Braille em Química” foi transcrito para o contexto educacional brasileiro, mediante estudos dos símbolos do CMU, “Notações de Química” de Madeleine Seymour Loomis & Paul Cunningham Mitchell e propostas da Fundação Catarinense de Educação Especial, da Associação do Cegos e Amblíopes de Portugal – “Grafica Química Braille”  e da ONCE – “Fisica y Química”. 
          Ressalto que o Sistema Braille é uma ferramenta de apoio ao aluno com DV, sendo assim, as notações mais avançadas de química não são necessariamente de uso convencional de professores de apoio que fazem a transcrição. Para este caso, sugere-se que o aluno informe suas notações de tarefas/provas ao professor da disciplina. Existe ainda a opção de usar o meio digital ou gravação em áudio.
          Desta forma, a aula de Química, partindo-se do conceito interdisciplinar, permite criatividade, integração e participação da classe, tanto na teoria como na prática, além de associar-se às diferentes áreas. Conforme Paulo Freire (1982), “tanto quanto a educação, a investigação que a ela serve, tem de ser uma operação simpática, no sentido etimológico da expressão. Isto é, tem de constituir-se na comunicação, no sentir comum uma realidade que não pode ser vista mecanicistamente compartimentada, simplistamente bem “comportada”, mas, na complexidade de seu permanente via a ser”.  Através do uso de mediações diversificadas, emprega-se um aprendizado que promovem o convívio entre os alunos, contribuindo no desenvolvimento do indivíduo e na inclusão educacional.
 
 “Mais importante que saber é nunca perder a capacidade de sempre mais aprender. Mais do que poder necessitamos de sabedoria, pois só esta manterá o poder em seu caráter instrumental, fazendo-o meio de potencialização da vida e de salvaguarda do planeta” (BOFF, Leonardo. “Saber cuidar: ética humana – compaixão pela terra”. Ed.Petropolis, RJ: Vozes, 2008).
“Há momentos assim na vida: descobre-se inesperadamente que a perfeição existe, que é também ela uma pequena esfera que viaja no tempo, vazia, transparente, luminosa, e que às vezes (raras vezes) vem na nossa direcção, rodeia-nos por breves instantes e continua para outras paragens e outras gentes” (José Saramago). 

 

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